PARICÁ
A região amazônica ocupa quase 40% do território brasileiro. Abriga a maior floresta tropical do planeta, com milhares de espécies vegetais e animais. Seu subsolo esconde tesouros de minerais raros e nascentes que formam uma gigantesca reserva de água doce. Apesar de toda essa riqueza, a exploração dos recursos amazônicos é amplamente realizada de maneira primitiva e predatória. Esse é o caso da extração de madeira.
Todos os anos, cerca de três milhões de árvores são derrubadas na Amazônia. A madeira alimenta um mercado de mais de R$4 bilhões, mas apenas uma pequena parte da extração é realizada com autorização dos órgãos ambientais e segue as regras de manejo. Grande parte da madeira ainda sai de forma ilegal, deixando para trás o caminho aberto para o fogo que antecede o plantio de capim utilizado na criação de gado bovino.
Mas é possível plantar árvores para a produção de madeira. Florestas cultivadas substituem a extração predatória e também podem ser usadas para recuperar a imensa área de pastagens degradadas na Amazônia. Há mais de 20 anos, pesquisadores da Embrapa vêm coletando sementes e produzindo mudas de espécies nobres. O sucesso desses projetos, no entanto, esbarra no tempo necessário para colher as primeiras árvores.
A maioria das espécies começa a produção de madeira para corte apenas após 15 anos de idade, mas uma espécie começa a se destacar devido ao seu rápido crescimento.
É o Paricá, a espécie florestal nativa mais cultivada do país. Ela pode ser cortada com cinco anos de idade. Sua madeira é utilizada na construção civil e na fabricação de móveis. Até o momento, 60 milhões de árvores foram plantadas, distribuídas em várias fazendas nos municípios de Paragominas e Dom Eliseu, na região nordeste do Pará.
O reflorestamento gera empregos e também ajuda a preservar o que resta da floresta nativa, como explica o engenheiro florestal Alessandro Lechimoski. “Com o uso do paricá de reflorestamento, cada hectare usado na indústria deixa de utilizar de 30 a 35 hectares de floresta nativa. Esse é um grande ganho ambiental.”
Segundo Arthur Netto, consultor florestal da InvestAgro, os produtores que antes tinham grandes áreas plantadas com paricá estão reduzindo suas áreas devido à falta de pesquisa e melhoramento genético. “Produtores relataram que algumas plantações realizadas em Paragominas e Dom Eliseu têm apresentado mortalidade aos dois anos de vida, mesmo após análise das condições edafoclimáticas da região. Não há pesquisa que mostre a causa da mortalidade”, lamenta.
Toda a produção de paricá de Dom Eliseu é direcionada para a fabricação de compensado, e muitas fábricas já estão começando a encerrar suas atividades.
O paricá está relacionado ao guapuruvu, uma árvore da Mata Atlântica. Seu nome científico é Schizolobium amazonicum. É uma árvore da família das leguminosas que captura nitrogênio do ar e o fixa no solo.
Na floresta nativa, a floração ocorre durante a estação seca e atrai dezenas de insetos. A árvore fica coberta de flores amarelas que deixam um perfume delicado e doce no ar.
Suas vagens servem de alimento para as araras, que são as principais responsáveis pela dispersão de suas sementes na floresta. Macacos e preguiças se alimentam de suas folhas finas e também derrubam as sementes maduras no chão. É possível ver dezenas de mudas que surgem nas clareiras deixadas pela queda de outras árvores.
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